Porquanto debalde veio, e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome.
E ainda que nunca viu o sol, nem conheceu nada, mais descanso tem este do que aquele.
E, ainda que vivesse duas vezes mil anos e não gozasse o bem, não vão todos para um mesmo lugar?
Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e contudo nunca se satisfaz o seu apetite.
Porque, que mais tem o sábio do que o tolo? E que mais tem o pobre que sabe andar perante os vivos?
Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isto é vaidade e aflição de espírito.
Seja qualquer o que for, já o seu nome foi nomeado, e sabe-se que é homem, e que não pode contender com o que é mais forte do que ele.
Na verdade que há muitas coisas que multiplicam a vaidade; que mais tem o homem de melhor?
Pois, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, por todos os dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?
Melhor é a boa fama do que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento de alguém.
Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.
Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.